15.2.13

Premonições??

Ontem ao final do dia fui jogar no euromilhões e no totoloto.
É que tive um sonho profundamente real no qual tinha ganho 140 mil euros num destes jogos (não me lembro qual). E acordei com a chave clara na cabeça, coisa rara, em mim. Anotei os números. E acreditei piamente que teriam prémio.
Como dizia o cego, a ver vamos.

14.2.13

Heranças

Costumo brincar com o facto de, a única herança que recebi dos meus entes queridos que já cá não estão, ter sido uma asma do meu avô, as dores da minha avó e o mau feitio do meu pai. Quando a minha mãe também se for, espero herdar dela a capacidade de resiliência.Mulher forte!!!
Mas, dizia eu, costumo brincar com isto porque, de facto, não tenho nem nunca tive parentes ricos, que pudessem sequer fazer desejar a sua morte, como nas novelas brasileiras (e portuguesas!). Tudo bem, antes assim. Pelo menos sei que nunca vou ficar rica devido a heranças. Aguardo pacientemente uma sorte no euromilhões.
Os meus que já cá não estão deixaram-me coisas tão "mais melhores boas" que nem preciso de pensar em dinheiro:
- sempre que como caldeirada lembro-me da minha avó e da sua paciência para me "arranjar" o peixinho;
- sempre que como peixe frito do dia anterior e em vinha d'alho, lembro-me do meu avô e desse momento em que comíamos os dois à mesa esse belo petisco e me caiu o primeiro dente;
- sempre que faço arroz de tomate e de manteiga, tenho a minha avó ao lado;
- sempre que como um bife de vitela lembro-me do meu pai e dos excelentes molhos "au poivre noir" que ele fazia;
- sempre que faço bacalhau com grão lembro-me da minha irmã Elsa que amava grão cozido (e cujo prato de bacalhau com grão era mais de grão com bacalhau)
....
Enfim, podia continuar a lista, pois que cada momento do meu dia é recheado de lembranças boas das pessoas que amo e que se foram.
E não há, decerto, herança melhor que a lembrança.

8.2.13

Pensamentos Suspensos

Firmou-se frente à porta em bicos de pés. Pela fechadura antiga, larga e enferrujada, conseguiu vislumbrar os botões de uma casaca velha, de fazenda xadrezada.
Colocou as duas mãos à volta da maçaneta escorregadia. Esperava encontrar o corcunda da terra que, dizia-se, fazia bruxedos em noites sem lua, com sapos e cobras. Todo o quadro se desenhou na sua imaginação.
E num ápice, apenas porque alguém na cadeira ao lado espirrou, o rapaz deixou cair a tela que acabra de pintar na sala dos seus pensamentos.
Tudo bem. Neste caso, a tinta nunca falta e há sempre mais uma tela em branco para preencher.

6.2.13

Lar, quente lar.

A dor na nuca que se estende aos ombros, se espalha pelas costas e acaba nas coxas. O frio na ponta dos dedos dos pés, que teima em subir pernas acima, até esbarrar com a dor nas coxas. O desconforto do casaco vestido (pois claro!) e da luz artificial. Os dias ainda são curtos. O relógio avança, mas não rápido o suficiente. Tenho uma vontade tremenda de chegar a casa, beijar a minha filha, enfiar-me na banheira com ela e, depois do jantar, namorar com ele. Ele, que hoje faz 34 anos. Ele, que diz que está quase a entrar na andropausa. Que já quase se sente com 40. "Velho, mas não gasto".
Não é justo que a vida aconteça tão depressa. Ou que nós passemos por ela de forma tão fugaz. Não é fácil lutar, todos os dias, contra estes ritmos, estas dores, estes afazeres domésticos... e continuar a acreditar que vale a pena, que somos maiores que todos os contratempos, que o amor resistirá... Não é fácil. É díficil, diria, até. Mas é possível. É uma luta constante, mas é possível. E a sorte é que, todos os dias, quando acordo, me sinto sempre uma nova mulher. Sempre disposta a viver um dia de cada vez.
E é isto.
Hoje, ele faz anos. Mais um. Um ano bom. Mais um ano de nós, da nossa pequenina família. E somos felizes. E hoje, apesar das dores, do frio e do desconforto, vamos festejar, humildemente, lá em casa. Com amor, abraços, beijos e miminhos. Mesmo ali, no sofá. No quentinho do nosso lar.