Já o tinha dito aqui antes: parece-me sempre mais fácil escrever quando estou triste. Assim como o poeta é mais feliz na infelicidade. No meu caso, não será tanto assim, mas a verdade é que nos dias tristes me apetece escrever. E não o tenho feito. Penso "ai que chatice, pá, estar agora a inundar a blogosfera de tristeza... as pessoas querem lá saber do que eu sinto...". Hoje, caros leitores, quero mais é que se lixem todos. Que merda, o blog é meu!
Escrevo o que me apetecer! Não gostou? Não coma. O que não faltam aí são blogs felizes.
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A minha avó morreu em Outbro de 2006. A minha irmã em Janeiro de 2007. O meu pai em Junho de 2008. Sinto uma saudade imensa da minha irmã, uma ternura imensa pela minha avó e ainda não acredito que o meu pai morreu. Assim, em 10 dias. Sem saber o que tinha. A pensar que vinha para casa.
E eu penso todos os dias no que será que ele diria perante as decisões que tenho tomado desde então... Ficaria triste de me ver partir rumo à minha vida? Ou ficaria feliz por me ver constituir família? Aprovaria o meu despedimento ou condenar-me-ia pela inconsequência do meu impulso?
E os meus filhos... que ele nunca vai conhecer... Como seria a relação com os gaiatos?
Ao empacotar as coisas no quarto dei por mim a ver albuns de fotografias com a minha irmã C. e demos as duas por nós a chorar.
E hoje, quando penso que o nenhum deles vai voltar, dá-me uma dor incrível no estômago, um nó tremendo na garganta e as lágrimas inundam-me os olhos. E hoje percebo a dor de perder alguém que se ama. De uma forma pura, desprendida, desinteressada.
E sinto-me triste.
Muito Triste.
Muito.