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Ainda tiveste tempo de me recomendar a música como companheira de viagem. Com as malas já arrumadas na bagageira, tinha mãos suficientes para te agarrar pela última vez antes da próxima.
Obrigaste-me a levar a maçã verde e ácida. Servir-me-ia de alimento. Proibiste-me de levar o bonsai. Por muito que lhe falasse, não me responderia às dúvidas.
Para ali ficámos deitados ao desejo de nos prendermos à terra, transladarmos ao seu ritmo, devagar.
As palavras faltaram, mas o silêncio nada incomodou. A humidade da tua boca contagiou os meus olhos, que rapidamente se vazaram de lágrimas.
E sabiam a sal.
Como o teu corpo nas noites de amor.
Como o mar nas tardes de verão.
Como a picanha que um dia experimentámos numa esplanada.
Sabiam a Amor. Um amor salgado. Quase apimentado.
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