Tenho sempre paredes nos sonhos. Abrigam-me das intempéris, dos ruídos estridentes que tanto me incomodam. Recolhem-me nos seus tons pastel, manchadas pela goteira do andar de cima, pelo fumo dos cigarros fumados e pelas memórias nem sempre agradáveis. É nas janelas que prendo o olhar e o pensamento. E não dói pensar assim. Pior é quando nem elas se abrem para poder respirar. Mas nos sonhos tudo é possível. São os sonhos que me infinitam os limites. E é nos sonhos que me sinto. Me vejo e revejo, vezes sem conta. Os cheiros, os sabores e as cores perfeitas, só nos sonhos não são impossíveis de ter. Sou uma e una nos meus sonhos. E guardo-os nas paredes do meu quarto, enquanto sonho de ohos abertos. Para que as janelas nunca se fechem ao meu olhar. E, às vezes, o que parece impossível, acontece. E tenho as cores, as formas, os paladares, os sabores e os pensamentos mais perfeitos. E sou, mais que una e uma, um todo num só. Plena, viva, cheia, completa, inteira, repleta e invadida de sonhos impossíveis que às vezes acontecem.
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