7.4.05

Pescador toda a vida, passava os dias entre a embarcação, a lota e a barraca. Dava para ir vivendo, com bastante aperto e muito esforço, sem nunca poder alegar doença como desculpa para não sair para o mar... Era jovem e queria muito mais, talvez demasiado insensato e levado a fazer loucuras que só passam com a maturidade de quem passou muito tempo no mar.Naquele dia todo o mundo era um aviso à navegação... a chuva incessante, os ventos fortes ou as nuvens negras lembravam que o homem não consegue bater a natureza. Mas isso não foi impedimento, e fez-se ao mar. Porém a embarcação não era tão forte como ele e desfez-se no meio da tempestade. Conseguiu agarrar-se a um pedaço de madeira que se soltou dos restos da embarcação desfeita. Não passava agora de um sobrevivente de um *naufrágio*. Dois dias passou agarrado aquela tábua, sentido-se no meio do oceano como uma *criança* perdida num centro comercial, que não encontra uma cara conhecida. De repente, ao longe e trazido pelo vento, ouviu um apito...era um barco que o avistara. Estava salvo. E desde então, cada vez que ouve o apito de um barco, ouve-o como se fosse a *melodia* mais bela alguma vez composta. E recorda o pedaço de madeira que carinhosamente guarda em casa, com uma *cumplicidade* que só se tem pela "mãe" responsavel pelo renascimento...porque naquele dia voltou a nascer.
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by Montenegro

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