20.5.05

O vestido branco caía-lhe bem. Sentia-se senhora, quando o vestia.
Ele não achava. Sentia-a mais mulher quando o despia.
.
Sentados no chão frio, tentavam-se, sem se tocar. Era um jogo perigoso. Ele era sempre o primeiro a desistir. O calor subia rápido à cabeça e depressa se espalhava. Ela explicava: "é o vestido". Ele insistia: "é o teu corpo". Pouco importava, depois.
.
Com as mãos dele nos seus seios, era difícil resistir. O respirar morno e a boca salgada deixavam-na indefesa. Acabava sempre por tirar o vestido. Não se entregava. Resistia.
.
Ela era mulher. Vê-la de costas, com os longos cabelos escuros a cobrirem-lhe os ombros morenos, era meio caminho para o êxtase. Era muito mais mulher sem o vestido de linho branco.
.
Espalhados no chão frio, sentiam o coração no corpo todo. Um descompasso quente, entornado de amor e desejo.
.
e o vestido por ali ficava, no chão frio.

Sem comentários: