Não sei se cheguei a contar, mas sou a única da família compatível com a minha irmã Elsa para efectuarmos o transplante da medula. O primeiro exame, a que também foi submetida a minha mãe, o meu pai e a minha irmã Cecília, revelou que sou a única que poderá fazer o transplante. Mas como convém ter a certeza, no início de Junho fui a Lisboa fazer mais uns exames para confirmar a compatibilidade. Fizeram-nos ir a Lisboa para fazer o dito exame e só lá estivemos 10 minutos. Foi interessante, mas deixei bem claro que achava um absurdo terem-me feito perder um dia de trabalho para aquilo. Até porque, em Portimão, já existe um espaço adequado para o efeito. Que não, que tinha mesmo de ser ali para o sangue ser logo analisado. Ok, tudo para o bem estar da minha irmã. Disseram-nos que detro de 15 dias estaria tudo pronto e saberíamos, então, o resultado do exame de compatibilidade.
No fim de Julho, um mês e meio depois do prazo dado, impaciente, a minha mãe decidiu ligar para o Hospital para saber se já sabiam de alguma coisa. "Ah, ainda não sabe? Já sabemos oresultado! Elas são totalmente compatíveis. A todos os níveis, sangue, células, ADN, etc..." Curioso, porque não nos diziam nada. "Então e agora, Dra.? Quando é que se faz o transplante?" "Ah, agora tem de esperar.". Ok. Vamos esperar. Talvez uns meses, talvez uns anos. Um dia destes vi uma reportagem em que um senhor esperava o transplante há dois anos. Sim, tinha dador, totalmente compatível. O senhor deve rezar todos os dias para que o seu dador não morra. Ou não contraia uma doença. Ou não mude de ideias.
Este país é uma anedota. E depois solicitam tanto "Ah, dê sangue, seja dador de medula, seja bonzionho, que todos os dias morrem pessoas por falta de dadores.Vá lá!" E quem me garante que a minha irmã se aguenta até lá? E quem me garante que não me dá, a mim, um piripaque? E será que posso fazer o transplante se estiver grávida? Será que, se tiver de fazer uma operação de urgência me deixam fazer o transplante? Não, claro que não. Revolta-me a inércia deste país.
A minha irmã? Está muito bem, felizmente! Voltou à sua vida [quase] normal, está a trabalhar, com os níveis do sangue impecáveis, sem problemas de maior. Felizmente! Oxalá se aguente assim muito tempo. Depois do transplante será tudo mais tranquilo.
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