28.9.05

Incapacidade

Fogem-me as palavras quando tento prendê-las no papel. E fico sem elas enquanto o organismo as processa até à ponta do dedo indicador direito. Escrevo infrutiferamente. Nada! Nada do que pensei, senti, resolvi escrever, está lá. Sao palavras, é certo, mas vãs. Que de nada valem, pois não são o que de mais verdadeiro tenho em mim.
Sinto-me como na adolescência: amores impossíveis, coração apertado - apertado! - uma angústia em forma de pesadelos à noite e nada de conseguir escrever os poemas lindos, qual Florbela Espanca nos mais sofridos instantes.
Há quem não tenha o dom. E há quem o tenha e não saiba. Há ainda quem o tenha, e o desdenhe. Eu gostava de conseguir escrever aquilo que realmente sinto. Sem filtros. Sem auto-censura. Mas não sou. E quantas vezes desejo que as minhas mãos sejam verdadeiras com o meu coração! Que o deixem falar livremente, seja qual for a mentira que ele queira contar... Quantas vezes... Tantas!

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