29.6.06

Solteiro II

Aos quinze anos prometera nunca mais amar ninguém como amava aquela miúda do 1º frente. Os primeiros beijos e amassos faziam-no acreditar que era a mais fácil promessa de cumprir.
Aos 19, prometera, entre um bacardi e outro, ao seu melhor amigo, que nunca o trocaria por mulher nenhuma. As amizades ficam para sempre, já as mulheres... Achou-se grande e homem, com a promessa sentida. Depois prometeu à ex-namorada do ex-amigo traído que seria ela a mãe dos seus filhos. Quando saiu do "hotel mamã", aos 25, prometeu que não voltaria a não ser para levar o resto da tralha, livros incluídos. Prometeu portar-se bem, prometeu não se perder na vida, prometeu ser honesto, trabalhador e participar nas reuniões de família.
cada vez mais colocava em causa as suas promessas.

Solteiro I

O fumo do cigarro subia, preguiçosamente, em direcção ao candeeiro de pé alto, colocado ao canto da sala, entre dois sofás encarnados. Fora, aliás, a única mobília pela qual tinha feito um esforço para trazer do seu passado com ela. Um candeeiro de pé alto e dois sofás encarnados eram agora a sua única companhia. Isso e os livros, dos quais prometera, ainda solteiro, nunca se separar. Colocava agora em causa todas as suas promessas.
Prometera um rio de coisas, a um mar de gente. Nem sempre as tinha cumprido.

28.6.06

Infelizes

Ando a ler um livro inquietante sobre um livro inquitante. Agita-me a alma, sempre que o folheio. é absorvente e rouba-me tempo, mais que um relógio. É delicioso. E fala da felicidade dos infelizes. A felicidade de escrever as amarguras. Escreve-se sempre melhor quando a vida nem por isso corre bem. Talvez isso explique a minha ausência. Ando em "maré alta" há demasiado tempo para ser verdade. e sinto falta de me sentir triste para escrever palavras bonitas. E cada vez me convenço mais que as palavras são mais felizes nas penas dos infelizes.

27.6.06

Um texto para a imagem

Hoje vi uma fotografia daquele velho celeiro, onde o Universo se fechava sobre nós e mais nada existia em seu redor. Onde fizemos o nosso ninho ao amor completo e eterno, às escondidas de um mundo que se esforçava por não nos compreender. Fomos as chamas de um amor que se incendiava em labaredas que chegavam aos céus, em cada encontro furtivo.
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by Montenegro

12.6.06

8.6.06

Saíste e a noite teceu mantos negros, pela tua ausência.
Partiste e o céu cedeu, a teus pés.
E o mundo inteiro gritou palavras loucas, pelos cantos de mim, onde a tua voz ecoa ainda agora.
E os dias mais longos perderam horas, tentando encurtar a distância de ti.