Com um cuidado extra, olhava para o chão na tentativa - infrutífera - de não enfiar os saltos altos nos entremeios da calçada portuguesa. Descia por ali abaixo à espera do chão liso e confortável de alcatrão, enquanto compreendia que os calceteiros e os inventores do saltos altos jamais poderiam ser mulheres. Nem tam-pouco poderiam ter vivido na mesma época. São incompatíceis, pois claro. E que ninguém ousasse sequer duvidar do seu jeito indagável de andar de salto alto. Porque sabia, e com elevada mestria, locomover-se sobre esse elemento chamado sapato de salto alto. Só os buracos da calçada portuguesa, já mal cheios de areia entre as pedras quadradonas, a faziam amaldiçoar as ruas ígremes de cidade. Mas a verdade é que os olhos enterrados no chão, à espera de falhar cada buraco, a impediam de ver, à volta, em frente e em cima, os dias lindos de Agosto a brilhar a cada esquina de cada casa caiada.
Foi então que decidiu: Agosto é mês de ténis.
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