Desde o passado dia 19 de Maio, data do meu último post e em menos de um mês aconteceram assim coisas do outro mundo na minha vida.
Dizia eu que precisava de um boom na minha vida? Pois bem, recebi-o quase de uma só vez.
- Dia 23 de Maio - Fiz 28 anos - sinto-me mais velha, naturalmente, e com menos tempo para cumprir todos os meus sonhos.
- Dia 27 de Maio - Decidi que quero ser feliz enquanto cá estiver nesta vida, e na sequência desta certeza, apresentei a carta de demissão no trabalho. Tenho direito a ser feliz.
- Dia 29 de Maio - o meu pai é transferido do internamento de pneumologia para as urgências (!!) do Hospital de Faro em estado grave: baço dilatado, cansaço extremo. Estado confusional, hipoglicémia.
- Dia 30 de Maio - Ao espirrar, dou um jeito nas costas que me impossibilitou de caminhar. Tomo dois Voltaren, e sigo para o trabalho. Liguei à amiga que casava no dia seguinte. O estado de saúde do meu pai e a minha dor talvez me impedissem de ir ao casamento...
- Dia 31 de Maio - casou-se uma das amigas do coração. O pai melhorou, a dor nas costas também. Segui para Albufeira e o dia foi lindo. Partilhar a alegria de duas pessoas que se amam é uma honra e uma alegria ainda maior.
- Dia 03 de Junho - O estado de saúde do meu pai leva-me a visitá-lo no Piso de Medicina I. Saí a chorar. Cor amarela, olhos mortiços, dificuldade em respirar, grave infecção hepática. Gânglios cancerígenos no abdómen. Linfoma ou Leucemia? Perda de peso, falta de apetite, forte obstipação.
- Dia 04 de Junho - Antes de seguir viagem para Lisboa em trabalho, que me afastariam do Algarve durante 16 dias, volto ao Hospital. Despedi-me, para sempre do meu pai. Acreditei que, quando voltasse, já não o voltaria a ver. Os médicos advertiram-nos da gravidade da situação.
- Dia 05 de Junho - Em Lisboa recebo um telefonema da minha irmã, às 14h50. O meu pai deixou-nos. Para sempre.
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No espaço de ano e meio, o meu lar, a minha família, que antes era grande e alegre, perdeu três membros. Avó, irmã e pai. A minha mãe perdeu, por consequência, a sua mãe, uma filha e o marido, companheiro de 40 anos de vida. E assim, num ápice mais atroz do que se possa sequer imaginar, ficamos reduzidos a três. Agora sou eu, a minha irmã mais velha e a minha mãe. Que está triste, cansada de perder partes de si. E nós, as manas que nem sempre se deram bem mas que agora fazem o esforço tremendo de manter a mãe ocupada, menos triste, menos cansada, menos desmembrada.
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Não é fácil, mas conseguiremos fazer desta, uma melhor família.
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