Ontem ao final do dia fui jogar no euromilhões e no totoloto.
É que tive um sonho profundamente real no qual tinha ganho 140 mil euros num destes jogos (não me lembro qual). E acordei com a chave clara na cabeça, coisa rara, em mim. Anotei os números. E acreditei piamente que teriam prémio.
Como dizia o cego, a ver vamos.
Sempre Inocentes. Do princípio das Coisas. Do nunca terminar um feito. Do jamais desistir de um sonho. Do sonhar sem destino. Do mundo. Das coisas. Das pessoas.
15.2.13
14.2.13
Heranças
Costumo brincar com o facto de, a única herança que recebi dos meus entes queridos que já cá não estão, ter sido uma asma do meu avô, as dores da minha avó e o mau feitio do meu pai. Quando a minha mãe também se for, espero herdar dela a capacidade de resiliência.Mulher forte!!!
Mas, dizia eu, costumo brincar com isto porque, de facto, não tenho nem nunca tive parentes ricos, que pudessem sequer fazer desejar a sua morte, como nas novelas brasileiras (e portuguesas!). Tudo bem, antes assim. Pelo menos sei que nunca vou ficar rica devido a heranças. Aguardo pacientemente uma sorte no euromilhões.
Os meus que já cá não estão deixaram-me coisas tão "mais melhores boas" que nem preciso de pensar em dinheiro:
- sempre que como caldeirada lembro-me da minha avó e da sua paciência para me "arranjar" o peixinho;
- sempre que como peixe frito do dia anterior e em vinha d'alho, lembro-me do meu avô e desse momento em que comíamos os dois à mesa esse belo petisco e me caiu o primeiro dente;
- sempre que faço arroz de tomate e de manteiga, tenho a minha avó ao lado;
- sempre que como um bife de vitela lembro-me do meu pai e dos excelentes molhos "au poivre noir" que ele fazia;
- sempre que faço bacalhau com grão lembro-me da minha irmã Elsa que amava grão cozido (e cujo prato de bacalhau com grão era mais de grão com bacalhau)
....
Enfim, podia continuar a lista, pois que cada momento do meu dia é recheado de lembranças boas das pessoas que amo e que se foram.
E não há, decerto, herança melhor que a lembrança.
Mas, dizia eu, costumo brincar com isto porque, de facto, não tenho nem nunca tive parentes ricos, que pudessem sequer fazer desejar a sua morte, como nas novelas brasileiras (e portuguesas!). Tudo bem, antes assim. Pelo menos sei que nunca vou ficar rica devido a heranças. Aguardo pacientemente uma sorte no euromilhões.
Os meus que já cá não estão deixaram-me coisas tão "mais melhores boas" que nem preciso de pensar em dinheiro:
- sempre que como caldeirada lembro-me da minha avó e da sua paciência para me "arranjar" o peixinho;
- sempre que como peixe frito do dia anterior e em vinha d'alho, lembro-me do meu avô e desse momento em que comíamos os dois à mesa esse belo petisco e me caiu o primeiro dente;
- sempre que faço arroz de tomate e de manteiga, tenho a minha avó ao lado;
- sempre que como um bife de vitela lembro-me do meu pai e dos excelentes molhos "au poivre noir" que ele fazia;
- sempre que faço bacalhau com grão lembro-me da minha irmã Elsa que amava grão cozido (e cujo prato de bacalhau com grão era mais de grão com bacalhau)
....
Enfim, podia continuar a lista, pois que cada momento do meu dia é recheado de lembranças boas das pessoas que amo e que se foram.
E não há, decerto, herança melhor que a lembrança.
8.2.13
Pensamentos Suspensos
Firmou-se frente à porta em bicos de pés. Pela fechadura antiga,
larga e enferrujada, conseguiu vislumbrar os botões de uma casaca
velha, de fazenda xadrezada.
Colocou as duas mãos à volta da maçaneta escorregadia. Esperava encontrar o corcunda da terra que, dizia-se, fazia bruxedos em noites sem lua, com sapos e cobras. Todo o quadro se desenhou na sua imaginação.
E num ápice, apenas porque alguém na cadeira ao lado espirrou, o rapaz deixou cair a tela que acabra de pintar na sala dos seus pensamentos.
Tudo bem. Neste caso, a tinta nunca falta e há sempre mais uma tela em branco para preencher.
Colocou as duas mãos à volta da maçaneta escorregadia. Esperava encontrar o corcunda da terra que, dizia-se, fazia bruxedos em noites sem lua, com sapos e cobras. Todo o quadro se desenhou na sua imaginação.
E num ápice, apenas porque alguém na cadeira ao lado espirrou, o rapaz deixou cair a tela que acabra de pintar na sala dos seus pensamentos.
Tudo bem. Neste caso, a tinta nunca falta e há sempre mais uma tela em branco para preencher.
6.2.13
Lar, quente lar.
A dor na nuca que se estende aos ombros, se espalha pelas costas e acaba nas coxas. O frio na ponta dos dedos dos pés, que teima em subir pernas acima, até esbarrar com a dor nas coxas. O desconforto do casaco vestido (pois claro!) e da luz artificial. Os dias ainda são curtos. O relógio avança, mas não rápido o suficiente. Tenho uma vontade tremenda de chegar a casa, beijar a minha filha, enfiar-me na banheira com ela e, depois do jantar, namorar com ele. Ele, que hoje faz 34 anos. Ele, que diz que está quase a entrar na andropausa. Que já quase se sente com 40. "Velho, mas não gasto".
Não é justo que a vida aconteça tão depressa. Ou que nós passemos por ela de forma tão fugaz. Não é fácil lutar, todos os dias, contra estes ritmos, estas dores, estes afazeres domésticos... e continuar a acreditar que vale a pena, que somos maiores que todos os contratempos, que o amor resistirá... Não é fácil. É díficil, diria, até. Mas é possível. É uma luta constante, mas é possível. E a sorte é que, todos os dias, quando acordo, me sinto sempre uma nova mulher. Sempre disposta a viver um dia de cada vez.
E é isto.
Hoje, ele faz anos. Mais um. Um ano bom. Mais um ano de nós, da nossa pequenina família. E somos felizes. E hoje, apesar das dores, do frio e do desconforto, vamos festejar, humildemente, lá em casa. Com amor, abraços, beijos e miminhos. Mesmo ali, no sofá. No quentinho do nosso lar.
Não é justo que a vida aconteça tão depressa. Ou que nós passemos por ela de forma tão fugaz. Não é fácil lutar, todos os dias, contra estes ritmos, estas dores, estes afazeres domésticos... e continuar a acreditar que vale a pena, que somos maiores que todos os contratempos, que o amor resistirá... Não é fácil. É díficil, diria, até. Mas é possível. É uma luta constante, mas é possível. E a sorte é que, todos os dias, quando acordo, me sinto sempre uma nova mulher. Sempre disposta a viver um dia de cada vez.
E é isto.
Hoje, ele faz anos. Mais um. Um ano bom. Mais um ano de nós, da nossa pequenina família. E somos felizes. E hoje, apesar das dores, do frio e do desconforto, vamos festejar, humildemente, lá em casa. Com amor, abraços, beijos e miminhos. Mesmo ali, no sofá. No quentinho do nosso lar.
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