30.1.14

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De tranças compridas enroladas pelos dedos, esperava que o mundo não se lhe apresentasse labiríntico. Não que não pudesse descobrir-lhe o queijo no fundo da rua, mas seria mais fácil seguir apenas em frente. Não recear olhar a curva seguinte. Não temer por uma corrida infrutífera, esbarrando em becos sem saída. Por outro lado, não se importava que a vida lhe parecesse um puzzle, ou um conjunto de peças lego por construir. Era perita em compreender as necessidades de cada buraco do puzzle e encontrar-lhe a peça em falta. Elevar edifícios com Legos era um passatempo que facilmente se poderia tornar num sonho. Criar, construir, sempre com a criatividade como aliada. A vida, afinal, era só isso, por enquanto: um puzzle por completar, um lego por construir. Algo que estava ao seu alcance, assim o quisesse.
As pessoas já não as via tão simples na lide. Pareciam-se mais com as voltas dos seus cabelos nas tranças compridas, enroladas pelos seus próprios dedos. Auto-complicam-se.

escrito em Outubro de 2006. Há coisas que nunca mudam. 

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