17.8.04

Calor gelado

"Beber um Safari simples e não trincar o gelo é pecado", garantiu o rapaz que passeava, ligeiro, entre as mesas. A ligeireza não o impedia de olhar, incessantemente, para a esquerda e para a direita, lançando um charme digno das mais belas histórias de amor.
Ela bebericava o Safari em goles pequeninos, sôfregos e golosos. Movia-se com demora, lânguida e presunçosa. Torcia-se na cadeira de verga como se de uma chaise longue aveludada se tratasse. Parecia querer mais qualquer coisa além do que os seus olhos revelavam.
As luzes quentes e o cheiro a álcool depressa embriagaram. Despiram-se de jogos, ignoraram as regras antes implementadas.
Beberam-se por ali. Trincaram o gelo. Sentiram o calor.

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