24.8.04

Esperar Contigo

Esperei-te no fundo do dia. Naquele lugar com espaço para nós dois. O relógio também esperou. Sozinha, é sempre mais difícil aguardar-te. Daí que tenha levado o contador de minutos e segundos. Sempre distrai.
Na tua ausência e demora, simulei o quadro que me acolhia, na curva da esquina de sempre.
E foi assim que o pensei:

As paredes já tinham absorvido o azul-poente, que é uma espécie de azul alaranjado. As janelas já não estavam fechadas e deixavam entrar o cheiro quente da maresia. Chega a entranhar na pele, o sabor do sal. Apetece provar. Não há alcatrão, mas caminhos estreitos, dissimulados com seixos, daqueles que deram nome ao Seixal. Redondinhos, lisos, excelentes para fazer peixinhos dentro de água.

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