21.11.04

Limbo

O meio termo sempre me proporcionou melhores memórias. Não sei decidir entre o dia e a noite. Prefiro o início das manhãs e os finais de tarde. Entre o bem e o mal, escolho sempre o mediano. Entre o preto e o branco, quero o azul, o vermelho, o verde, o laranja. Entre o ontem e o amanhã, sou mais o hoje. Das músicas, prefiro a melodia à letra. Das sandes, prefiro o fiambre ao pão. Dos filmes, prefiro a mensagem ao argumento. Das paisagens, prefiro a companhia ao horizonte. Das viagens, prefiro os momentos vividos aos diários de bordo. Das pessoas, prefiro a marca que deixaram em mim àquilo que são.
Os extremos não me atraem. Vivo devagar. Saboreio os paladares do meio. Vivo meio cá, meio lá. Num limbo constante. Numa corda bamba inquieta. E nunca estou satisfeita.
Devo ser uma pessoa chata. Que não testa os limites. Provavelmente, serei.

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