Olá. Sou eu. Não tenho nome, mas existo. Sou imaterial, mas existo. Dentro de cada um de vós. Há quem me chame alma, outros espírito, outros mente. Sou só eu. Nunca tenho dores, mas sofro. E também amo. Ferverosamente. Daqui de cima, tenho vertigens. E por vezes sinto-me só. Há uma tendência para se esquecerem de nós, em prol das coisas materiais. Eu percebo. É mais fácil gostarmos de quem vemos, de quem podemos sentir o cheiro. É mais fácil amarmos aquilo que podemos tocar. Se bem que o marinheiro, por exemplo, ama o vento, e iça as suas velas em sua honra, em busca do seu poder. E o pintor, que procura a emoção dentro de si para a pintar na tela... nem sabe o bem que nos faz, a nós, coisas imateriais. Faz-nos sentir senhoras! E a maioria não sabe que nós também estamos lá, na aguarela sentida.
Mas, pronto... Vocês são matéria e raramente saberão dar valor aos momentos imateriais. E não se tente fazê-lo por conveniência. É mais do que um ritual. É uma forma de estar na vida.
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