Encavalitada nos ombros do pai, costumava sentir-se mais mulher. Via o mundo de uma outra perspectiva. Tudo lhe parecia mais pequenino e, por isso, sentia-se grande. Começou a exigir andar sempre no alto. Chegou, até, a sentir-se superior. Nos ombros do pai ninguém a parava. Chegava quase ao tecto - que sonho! Com a habituação às alturas, começou a perceber que podia, um dia, cair. Dar um trambolhão. Cair de redondo no chão. Magoar-se. Analisou a coisa da sua antiga perspectiva. Entendeu que caindo do alto dos seus 80 centímetros magoar-se-ia muito menos.
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Renegou ao estatuto e voltou a sentir-se pequenina. Mas tranquila.
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