20.9.05

Coração

Lembro-me de ser pequenina e descobrir o meu coração. Ou melhor: descobrir o bater do coração dentro do peito. A princípio suspeitei. Quem será que me está a fazer sentir isto cá dentro. Depois, com o passar dos anos percebi que nos treinos de basquet ele batia mais forte, mas compassado. Nas provas perante os outros ficava descompassado. Descobri formas de o acalmar. Ou fazê-lo bater mais rápido. Senti taquicardias. Cheguei a senti-lo em todo o corpo, deitada no chão do pavilhão, depois de um treino de resistência física.
Ainda hoje bate. E, ao contrário do que sempre julguei, não está mais calmo. Continuo a senti-lo descompassado, frenético, forte e rápido. E agora não é do esforço ou do pânico. É de amor, de saudade, de ansiedade. E com o passar dos anos as prioridades trocam de lugar fazendo com que me emocione muito mais com o nascimento de um bebé do que com um foguete a rebentar no ar. Mais com uma música preferida do que com o gelado de morango. No futuro, o que será que vai fazer o coração bater mais forte, cá dentro?

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