20.7.16

Depois da uma

Já passava da uma. De facto, passava sempre da uma quando olhava para o relógio na parede da cozinha. Tinha sido ele que o escolhera e, hoje, já não fazia sentido nenhum a imagem dos edifícios altos de Nova Iorque. Nunca fariam a viagem. Da mesma forma que nunca mais faria bechamel. Ele é que adorava a lasanha com bechamel caseiro. continuava, ainda assim, a insistir na espera. Costumava chegar sempre perto da uma, mas desde então, nunca mais...
E lá estava o seu lugar à cabeceira da mesa. O guardanapo de pano. O copo alto, ao lado do vinho tinto. E a janela aberta, para entrar o ar .
Ele não viria. Não traria o pão do dia. Não iria assobiar um sucesso dos Beatles enquanto subia as escadas. Não haveria beijos, nem abraços, nem sexo. Nada haveria, nem que fosse mais cedo. Era já tarde demais. E da morte ninguém regressa.

2 comentários:

Anónimo disse...

E pronto... Chorar logo de manhã, faz bem à saúde! Não?... Tinha saudades deste blog!
Tegui

Softy Susana disse...

Oh minha querida.... Não era essa a intenção... ☹ um beijo grande, abraço apertado!