6.11.06

Tudo, Aborto, Silêncio, Campainha

Há coisas muito relativas na vida. Impossíveis de afirmar tacitamente que são assim porque são. A pena de morte, o aborto ou a eutanásia. Relativo. Muito relativo. Tal e qual como quando encomendamos chinês e levamos para casa à espera que seja uma noite exótica. Depois da garrafa bebida torna-se difícil manter as aparências do exotismo de países que nunca visitámos. Dizemos sempre, um ao outro, que foi uma noite especial, regada com bom vinho a acompanhar os bambus, as algas e as carnes desconhecidas. Sabemos, no entanto, que é apenas mais uma forma de estarmos juntos, quebrarmos o silêncio do corpo e deixarmo-nos estar. Apenas por nós. Tudo, por nós. E quando a campainha do micro-ondas dá sinal, sabemos que o chocolate quente está pronto a regar o gelado de morango comprado num qualquer estabelecimento barato. E como na vida há coisas muito relativas na vida, às vezes sabe bem. Outras nem por isso.
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