31.1.05

O fim

Entre as 18h e as 20h. O fim do Regresso a Casa. Foram quase 3 anos. Hoje, o fim. Nesta casa, foram 5 anos. Aprendi muita coisa. Saio orgulhosa do trabalho feito. Felizmente.

Abraços

Sentir-me-ia melhor, neste momento, se sentisse a força de um abraço fechado, daqueles amigos que julguei ter em tempos. Dos muitos, ficaram-se alguns, muito poucos. E como seria bom se pudesse sentir a sua força neste dia infeliz. Sinto falta de ser menina. De só ter dias felizes.

Música, que nos une

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Sendo dois, somos um, unidos pela força de querer um mundo melódico, harmonioso, que se ouça a si mesmo. Somos um só, misturados num misto de necessidade, prazer e loucura.
Que o teu som saiba sempre como preencher o vazio dos meus dias. Que eu possa sempre libertar-te os sentimentos que guardas dentro de ti, nas tuas cordas vibrantes, no teu braço forte.
E que a música, essa, que nos une, esteja sempre presente nos momentos em que, sendo dois, somos um.
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foto by YP

28.1.05

Memórias I

Éramos miúdas e inconscientes. Eu tinha 6, a Elsa 11 e a Cecília 13. Foi talvez o único momento das nossas vidas em que brincámos em conjunto. Mais ou menos, os nossos interesses eram semelhantes. Desmontávamos as prateleiras das estantes do quarto onde dormiamos as três. Arrumávamos tudo à nossa maneira. Levávamos horas naquilo. Fazíamos autênticos apart-hoteis para as mais de 10 barriguitas da família. Montávamos elevadores, garagem, cozinha, quartos, sala... Quando estava tudo pronto para começarmos a brincar a minha mãe chamava-nos para almoçar. Depois eram as birras, os choros das mais novas e o desencanto. Raramente chegávamos à parte em que as barriguitas "existiam", numa vida criada por nós.
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Depois comecei a brincar só com a Elsa. A Cecília, irmã mais velha, tinha agora outros interesses. E com a Elsa brincava, sobretudo, com jogos de tabuleiro. O "Jogo da Glória" era o preferido. Mas também jogávamos com o "Bingo", "Monopólio" (que nunca acabava) e, mais tarde, ao "Quem é Quem". Depois vieram os jogos mais sofisticados para a nossa idade. "Uma questão de escrúpulos", "A Bolsa", "Master Mind"... Foi nessa altura que comecei a ficar até mais tarde na rua e a minha irmã Elsa a ficar mais tempo em casa. A minha mãe chamava-a para casa mais cedo. "Pareces a mãe galinha com os filhos pintainhos!", gritava a minha mãe da janela.
E parecia mesmo. Sempre foi grande demais para os seus 12, 13 anos. Ser calmeirona, como o meu pai sempre a designou, trouxe-lhe alguns dissabores. Mas a mim sempre me serviu para os abraços fortes. E acho que ela nunca soube disso. Dizia ela, há uns anos, que ser a irmã do meio era o mais infeliz. Mal ela sabe o quão importante foi na minha vida de criança, adolescente e o quanto continuará a ser, no futuro.

27.1.05

Aceitação

A primeira grande questão que se coloca é "Porquê?". E para essa questão não há resposta plausível... nada do que me digam agora contará para o futuro. É, inclusive, indiferente. Está feito, feito está. Nas aulas de meditação, que seguem uma filosofia budista, aprendi o quão importante é percebermos a importância da aceitação das coisas tal como elas são.
Que importarão as lágrimas? Que resultado surtirão as palavras malditas que lançamos aos outros, projectando neles a culpa do mundo e da nossa infelicidade? Nada. Um grande e redondo nada.
Aceito que a minha irmã esteja doente. Aceito, inclusive, que vá sofrer, porque a isso nos habitou a perspectiva ocidental das curas. Aceito. Não me resigno, aceito. A indignação só ajuda a que transforme os meus mais puros sentimentos em monstros como a raiva, a ansiedade, a tristeza, o ódio, o rancor, a mágoa. Aceito. E compreendo. E eu, que estou do lado de cá, da não-existência-de-uma-doença-mortal, tentarei fazer com que aqueles que amo sofram menos. Tenho força para isso. E para muito mais. Farei com que a minha mãe consiga dormir um sono descansado. Ela merece. E não sabe aceitar, porque a filha é dela. Farei com que a minha irmã se sinta útil, nos piores momentos. Incentivá-la-ei a ajudar aqueles que, estando perto dela, não enxergam o poder do amor. E ela será capaz. Porque é forte. Muito forte. E saberá, um dia, aceitar esta prova. A vida será estreita, para os seus largos sorrisos. O futuro será risonho. Acredito muito. E aceito este momento de dor como um caminho para lá chegar.

Já venho

Vou meditar. Volto depois. Até lá.

Diagnóstico

Leucemia aguda.
Tratamento - Quimioterapia, para começar.
Local - Lisboa, Hospital dos Capuchos.
Duração - Um mês, para já.

26.1.05

Amigos

As coisas simples da vida são as mais importantes. Poder contar com os Amigos. Isso sim, é verdadeiramente simples.

25.1.05

Terapia da Escrita

Nunca tive medo de escrever as minhas emoções. Antes de o fazer num blog, ou em dois, fazia-o nos papéis que tenho espalhados em inúmeras gavetas. Sempre escrevi, para soltar as emoções cá para fora. Ainda que isso não as tornasse menores, ajudava-me a percebê-las na perspectiva de leitora.
Não tenho nem nunca tive o hábito de reler as palavras escritas por mim. Ainda hoje, quando escrevo um post, apenas o releio uma vez, antes de o publicar, à procura de erros gramaticais e gralhas. Não costumo reler as minhas emoções. E, muitas vezes, prefiro simplesmente não as reviver. Porque sempre que leio, sinto as palavras como se minhas fossem. E são.
Hoje preciso de escrever. Preciso de cuspir a dor que vai cá dentro. Que me tira a vontade de andar de cores vivas. Que me prepara para dias menos felizes. Não gosto de fazer previsões, mas prevejo que vou sofrer muito, nos próximos meses. Uma dor que não é minha. Mas vou sofrer.
Hoje preciso de escrever. Não precisam de ler. Deixem-me apenas deitar cá para fora a emoção e a comoção, que não se vê.
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O primeiro diagnóstico foi leucemia. Pensa-se que poderá ser também linfoma. Mas entretanto, depois do internamento, já disseram que podia ser um vírus no sangue. Nada de grave. Agora há médicos que dizem que pode, sim, ser leucemia. Mas falta completar os exames. E agora, que passou quase uma semana do internamento da minha mana, dizem-nos que terá de ir a Lisboa fazer UM exame. Que, por acaso até se pode fazer aqui em Faro. Mas a "técnica" que faz o exame (à medula) está de baixa, ou de férias, ou de caganeira... ninguém sabe muito bem. E é triste.
É triste que UMA semana depois, ainda não saibam se é leucemia, linfoma, um vírus ou... o que for. E que ela continue internada, à espera que lhe façam os exames. Sem poder partilhar o medo com o marido e com os filhos pequeninos. Sem poder preparar-se psicologicamente para o pior. Sem poder preparar-se para a dor.
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Só tem 29 anos. E parece-me que está bem. Pediu-me para aparecer de vez em quando no hospital, mesmo sabendo que detesto hospitais à excepção do piso das recém-mamãs. Pediu-me, porque tem medo. Tem medo de perder o longo cabelo escuro, porque talvez tenha de fazer quimioterapia. Tem medo de não assitir ao crescimento dos gaiatos, que não percebem o estado da mãe. E eu fui. E gostei muito de a ver. E ela até diz que a comida do hospital melhorou muito desde que nasceu o Miguel, há dois anos e meio. E até a deixam passear, ir ao bar...
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Já chorei o que tinha a chorar, na última quinta-feira. Agora será tempo de acreditar no amor e na força de todos nós. Ter esperança que tudo corra pelo melhor. E esperar que, apesar de todos os sintomas apontarem para uma leucemia, tudo não passe de uma merda de um vírus com instintos terroristas, que chegou sem avisar, sem dar tempo para digerirmos a dor. Nunca acreditei em milagres. Não acontecerão. Acredito sim no poder do Amor. E isso, a nós, não nos falta. Sempre fomos uma Família com maiúsculas, daquelas unidas, que partilham os problemas, as alegrias, as tristezas. Todos juntos, seremos uma só alma. Pronta a destruir qualquer dor provocada pela quimio, pela radio e pela hospitalo-terapia.
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Amo-te muito, mana. E mesmo que o pior esteja para vir, terás as melhores pessoas ao teu lado. Nunca te faltará nada. Nem no pior. Terás sempre o melhor. O nosso Amor.

20.1.05

Pausa necessária

Este blog inicia hoje um período de introspecção. Não sei quanto tempo durará a pausa, mas voltarei. Independentemente dos sabores que a vida me ofereça: doces, salgados, ácidos, amargos, picantes ou adstringentes.
Voltarei. Só não sei quando.
Até sempre.

Dia 1

Depois disto, sinto o peso do mundo em cima de mim. Não se pode dizer que se está bem. Nunca.

19.1.05

Passeios

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Agora que dou por terminada mais uma etapa académica, apetecia-me ir passear de bicicleta, devagarinho, junto a um rio luminoso. Leveza it's my middle name.
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foto by YP

18.1.05

Rabiscos

O aspecto das folhas de papel que me servem de entretém depois de conversas telefónicas de 10 minutos é uma coisa do outro mundo. Li, há uns anos sobre os significados de determinados rabiscos. Não me lembro de nada. Se houver desse lado quem perceba da coisa...
Faço muitos triângulos, bolas, flores e quadrados com linhas de fuga. Linhas muito vincadas e repetidamente escritas por cima.
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17.1.05

Seres humanos ou emocionais

Gostava de partilhar contigo, isto que vejo daqui. São sempre pessoas, mas desta perspectiva perecem-me desenhos naïfs que deram origem a romances de cordel. Já reparaste na forma fácil como eles se enrolam em argumentos românticos?
Desta perspectiva em que os analiso, parecem-me sempre preocupados com os assuntos do coração. às vezes em demasia. Fazem-lhes falta as cores do mundo em que vivem. Falta-lhes perceberem que a vida é mais que material. E que os assuntos que dão belos argumentos para romances baratos têm a sua origem, não no coração, mas na serotonina, na dopamina e na noradrenalina.
Mas são seres engraçados, estes que vislumbro deste local.
Ainda gostava que um dia os pudesses conhececer.
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foto by YP

15.1.05

Rituais

Há rituais que me preenchem não só pelo que representam, mas pelo que me proporcionam.
Não consigo vestir a mesma peça de roupa duas vezes sem ser lavada primeiro. Malhas incluídas. Lavo sempre os dentes antes de tomar o pequeno-almoço. Ritual sem lógica mas que dá outro sabor aos cereais. Só tomo banho de manhã, salvo raras excepções. Não saio de casa sem dar beijinhos a todos os presentes. Não arranco com o carro antes de ligar o rádio. Leio sempre antes de dormir. Só uso pijamas de cetim. Desligo sempre o telemóvel antes de me deitar.
São rituais que me proporcionam um bem estar inatingível de outra forma.

Lado a lado

Aprende-se a calar a dor
A tremura, o rubor
O que sobra de paixão
Aprende-se a conter o gesto
A raiva, o protesto
E há um dia em que a alma
Nos rebenta nas mãos
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letra de Mafalda Veiga

14.1.05

Inspiro

Queria poder só inspirar. Sinto que é desperdiçado, o tempo que passo a expirar. O que se inspira é mais enriquecedor.

"Carpe Diem"

Confias no incerto amanhã? Entregas às sombras do acaso a resposta inadiável? Aceitas que a diurna inquietação da alma substitua o riso claro de um corpo que te exige o prazer?
Fogem-te, por entre os dedos, os instantes; e nos lábios dessa que amaste morre um fim de frase, deixando a dúvida definitiva. Um nome inútil persegue a tua memória, para que o roubes ao sono dos sentidos. Porém, nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias; e abraças a própria figura do vazio. Então, por que esperas para sair ao encontro da vida, do sopro quente da Primavera, das margens visíveis do humano? "Não", dizes, "nada me obrigará à renúncia de mim próprio - nem esse olhar que me oferece o leito profundo da sua imagem!"
Louco, ignora que o destino, por vezes, se confunde com a brevidade do verso.
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by Nuno Júdice

Read my lips

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Lê nos meus lábios.
Lê-me os lábios.
Ouve-me o olhar. Saboreia as curvas que me materializam. Sente, cá dentro, o calor.
Toma-me.
Aceita-me.
Lê-me nos lábios o desejo. Lê-me os lábios.

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foto by X. Maya

13.1.05

Meditar

Havia tropeçado vezes sem conta nos debruns da vida, daqueles que se vão criando por não a arrumarmos como deve ser. fora sempre igual a si próprio, mas assim o haviam ensinado a ser. Não ganhara nada com isso. Antes pelo contrário. Fora ferido, magoado e, já se sabe, tropeção atrás de tropeção... faz dói-dói.
Fora maior que a dor das feridas abertas. Fora capaz de fazer das lágrimas Bétadine - solução anti-séptica. E tudo porque encontrara - finalmente! - a solução para [quase] todos os seus problemas. Desta vez, sabia-o: era fácil conseguir!
Foi então que pegou nas armas descobertas nas aulas de meditação: o poder do coração, a força da alma e a possibilidade de ser feliz. Fez-se à vida, encarou-a de frente e, no final da sua construção faseada, disse do cimo de uma lua d'água: É possível ser feliz!
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Diz-se que houve quem trincasse a língua.

12.1.05

Desabafo

Desculpem-me o discurso directo, mais uma vez, mas não estou a aguentar tanta emoção! A vida corre-me bem! E só me consigo lembrar da letra da canção dos Rio Grande:
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"Tantas voltas dá a vida, tantas voltas dá o mundo. E depois volta, não volta, muda tudo num segundo."
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As coisas não podiam estar melhores! Eu mereço!!!

Anónimos

Cumprido aquilo que havia dito há uns tempos, apaguei dois comentários anónimos. Por coincidência (ou não!) eram assinados com nomes diferentes, com e-mails diferentes que não existem, mas o IP era o mesmo. Dado que estou farta que me comam por parva, fiz um grande delete nos dois comentários. O "vitorino" e o (a) "lalica" poderão voltar a visitar o Sempre Inocentes sempre que o desejem. Mas não me comam por parva.
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Obrigadinha!

Paraíso

30 kms de praia. milhares de aves que descansam a meio da viagem migratória. pantânos. as maiores dunas móveis da europa. peixes graúdos - robalos, douradas, tainhas. esculturas feitas de esqueletos de árvores antigas. foram o vento, o mar e a deslocação da areia que as fizeram. 150 mil aves sem pátria. flamingos, garças, chotacabras.
não tem Homem. nem na vida, nem no nome. tem nome de mulher. é espanhola.
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O Doñana dos meus sonhos não seria interdito a ninguém. Seria de livre acesso. Por respeito - apenas por respeito - ninguém lá entraria. Apenas por respeito.

11.1.05

A vida dá-me aaaaaaaaaaaaasas!!!

Teoricamente, o semestre acabou. Na prática faltam duas frequências. Não é o fim do mundo! Estou nas nuvens! Qualquer coisa chamem-me!

10.1.05

Curiosidade

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Sou muito curiosa.

Pelo menos é que costuma dizer quem me conhece.
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foto by Gregor Schul. Z
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Estado G

Seria grave, agora, uma gravidez. Mas a gravidade que me agarra ao chão da terra garante-me que gostaria de estar gravemente grávida. Seria grande, o garoto - proporcional à força da gravidade que nos atrai um ao outro.
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Seria grave. Mas gostava de me acrescentar um G ao meu estado. G de grávida.

9.1.05

Melhor seria impossível!

Foi mesmo muito agradável, divertido e altamente surpreendente! Obrigado SP e Leia, obrigado João, obrigado Luís, obrigado JCB e obrigado António, pelo maravilhoso almoço, pela divertida tarde, pelo lindíssimo pôr-do-sol e pela saborosa conversa da "saideira"!!!
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Melhor seria impossível!

7.1.05

O sabor da chuva

Gosto muito mais do Verão do que do Inverno. Mas sinto-me em sintonia com o Universo e, hoje, apetecia-me que chovesse a cântaros. Assim justificar-se-ia o frio que sinto constantemente nas mãos, nos pés e no nariz. Seria natural, porque estamos no Inverno. Provavelmente iria para casa antes da uma da manhã, vestiria o pijama, enrolar-me-ia no edredon, pegaria nos poemas de José Luís Peixoto e saborearia um chocolate quente muito doce. Como a chuva a cântaros pode ser. Doce.

5.1.05

Devagar


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Hoje sinto-me assim. Lentinha. Mas com imensa vontade de fazer uma série de coisas. Por hoje acho que não vai dar.
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Amanhã.
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foto by Nuno Freitas in 1000imagens

4.1.05

Explosão

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A história avança. E o universo observa, num espanto que se estranha. Prepara-nos a explosão de todos os sentimentos reservados até ao momento. Vou querer estar cá. Será um espectáculo único: o do fim.
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foto by Adriano Costa in 1000imagens

3.1.05

Palavras

Escrevo na mão esquerda um sinal para não me esquecer de compromissos. Escrevo na areia da praia palavras para as ver partir no reboliço do mar. Escrevo no bloco de bolso as ideias para o futuro. Escrevo nas folhas deste papel para fazer histórias da minha vida. Em lado nenhum conseguirei escrever as palavras certas para que nunca te esqueça. Nem serão necessárias. Estarás sempre presente. Nas minhas mãos. No bloco de notas. Na areia molhada da praia. Em cada palavra deste papel. Pois estás em mim. Cá dentro. Gravado no peito. Para sempre.

A primeira alegria de 2005

Martini rosso. Vinho tinto. Caseiro. Alegria. Gargalhadas. Fondue. Molhos maravilhosos. Frutas frescas. Vinho tinto. Caseiro. Conversas bonitas. Vinho tinto. Caseiro. Acabou... Vinho tinto "Romeira". Reserva. Fondue demorado. Álcool etílico no fim. Vinho tinto "Romeira". Conversas, muitas conversas. Seis amigos. Dos bons. Nódoas vitalícias na toalha lavada. Gargalhadas. Nódoas que sempre lembrarão momentos felizes.
Pudim de ovos. Morno, ainda. Confissões. Belas conversas. E os amigos, os bons. Digestivos. Ambiente quente. Frio, muito frio, lá fora. Violas. Cantigas. Harmonia. Conversas, fantásticas. Ambiente inigualável. Digestivos e vinho tinto. Ainda.
23h40. Praia com eles. Espumante. Câmaras fotográficas. Câmara de filmar. Gargalhadas. Muitas, tantas! A pé, todos. Frio, cá fora. Mas quente, cá dentro do peito. Sente-se o amor e amizade no ar. "Acelerem, malucos!!!" Gargalhadas!!! Sabe bem, estar entre amigos!
23h58. Finalmente na praia. Relógios. Espumante. Sorrisos! Contagem decrescente. Meia-noite! Euforia! Silêncio. Abraços, muitos abraços. Algumas lágrimas, de alegria. Sabe bem estar entre amigos. Espumante estragado. Gargalhadas! Banho de espumante. Gargalhadas!
Sentados, na areia. Muito fria. Longa conversa. Confissões, desejos, partilha. Muitos sentimentos. E amor.
Senti-o, cá dentro, nos olhos dos outros. No ar. No novo ano, que chegou assim. Sorridente, promissor, rodeado de amigos. Com espumante estragado, mas tão feliz!!!
Depois foi mais conversa. Mais música das violas. Mais gargalhadas sonoras. Mais amizade, partilha e harmonia. Muita harmonia. E amizade. Daquela que se sabe ser sentida por todos.
Não guardo reservas: foi a melhor entrada num novo ano da minha vida.
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Obrigado, caros amigos!