31.5.05

Sabes,

às vezes pergunto-me se ainda estarás aí, a olhar por mim. sempre acreditei que sim. assim mo disseram. que apesar de longe estarias sempre perto. a cuidar de nós. de mim. lembro-me com muita frequência das histórias que contavas, nunca baseadas nas histórias infantis. o lema, esse, nunca mudava: "à torre da Babilónia, quem lá vai, já não torna". eras um contador de histórias exímio. talvez tenha herdado de ti a vontade de contá-las.
que pena tenho de não te ter conhecido melhor... a vida levou-te e de ti deixou-me a memória de manhãs intermináveis ao teu lado a contares peripécias de quando trabalhavas aqui e ali... fizeste tanta coisa!
que inveja que tenho de quem privou da tua companhia dia e noite, que sabe as tuas aventuras no cemitério do Seixal, na fábrica da Mondete, nas excursões com os velhos do bairro...
nem sabes do quanto gostava que me visses agora, 18 anos depois de te teres ido.
CRESCI muito, avô. e tenho saudades tuas.

Impossível deixar passar

Ao tempo que o ando para fazer, mas agora é que é.

-A bebé Mariana (a mais fofa do mundo!) tem um blog. Confesso, sou uma "tia" babada!
- O meu querido Samuel perdeu a vergonha e decidiu-se a escrever as suas palavras contidas! Força nisso!
- A minha queridíssima Natacha já cá anda há algum tempo e apenas aconselho a quem saiba pensar livremente! Beijos!

30.5.05

Prazeres

Sei que nunca vou beijar a tua boca. Nem nunca sentirei o teu prazer dentro de mim. Há pessoas para quem nasceu uma vida diferente da minha. E não que te queira beijar ou sentir dentro de mim. Mas porque te amo, num amor invulgar, diferente daqueles que julgo sentir.

27.5.05

Recuperação de actividades que me fizeram [e fazem] feliz, Parte I

Não sei há quantos anos não fazia um piquenique, mas decerto que o de ontem deu para matar saudades. Para a próxima só teremos de ir mais cedo, para aproveitar mais. Foi bom. Muito bom!

Ao fim da noite


foto by Susana Paixão

25.5.05

Compatibilidade

Compatível significa, segundo o Dicionário Universal da Texto Editora:
conciliável; que pode coexistir; suportável; diz-se de cargos que se podem exercer juntamente.
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Não é nada disto, mas sou a única da família que é compatível com a minha irmã Elsa para o transplante da medula. Sinto que vim ao mundo por alguma razão em particular.
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Há pouco mais de 25 anos a minha mãe soube que estava grávida de mim. Pensou-se que fosse uma ferida no útero, mas não... era eu. (uma ferida...) A minha mãe não queria mais filhos e esteve mesmo quase a fazer um aborto. Chorou baba e ranho, porque não iria conseguir sustentar mais uma boca. Conseguiu. E hoje tenho a minha existência justificada.

24.5.05

Cidadão do Mundo!

É assim que poderia descrever jcb. Conhece o seu mundo e o nosso. Por onde passa, seja aqui ou acolá, leva-nos no entanto, sempre ao mesmo lugar: o seu interior.

23.5.05

Espera


Quando mais nada há a fazer... espera-se.
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foto by Jorel

Um quarto de século

Hoje faço 25 anos. Já faço 25 anos. Ainda faço 25 anos. Só faço 25 anos. É apenas um quarto de século! e lá fora está um dia lindo!

20.5.05

O vestido branco caía-lhe bem. Sentia-se senhora, quando o vestia.
Ele não achava. Sentia-a mais mulher quando o despia.
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Sentados no chão frio, tentavam-se, sem se tocar. Era um jogo perigoso. Ele era sempre o primeiro a desistir. O calor subia rápido à cabeça e depressa se espalhava. Ela explicava: "é o vestido". Ele insistia: "é o teu corpo". Pouco importava, depois.
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Com as mãos dele nos seus seios, era difícil resistir. O respirar morno e a boca salgada deixavam-na indefesa. Acabava sempre por tirar o vestido. Não se entregava. Resistia.
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Ela era mulher. Vê-la de costas, com os longos cabelos escuros a cobrirem-lhe os ombros morenos, era meio caminho para o êxtase. Era muito mais mulher sem o vestido de linho branco.
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Espalhados no chão frio, sentiam o coração no corpo todo. Um descompasso quente, entornado de amor e desejo.
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e o vestido por ali ficava, no chão frio.

Temperaturas

Hoje bebi o meu primeiro café com gelo. Ontem comi os primeiro damascos. Calcei os primeiros chinelos fresquinhos. Dormi de janela aberta. Este fim-de-semana vou à praia. Meus amigos, o meu Verão começou! Estou feliz como um passarinho!

18.5.05

Carta de despedida

às vezes apetecia-me escrever uma, para me despedir de quem, provavelmente, não vou voltar a ver. Pessoas que me são muito queridas mas que, por uma razão ou outra, ficarão longe de mim, um dia. Tenho medo de não ser clara na manifestação dos meus sentimentos por aqueles que amo e que um dia a vida nos pregue a partida de nos afastar para sempre.
tive uma professora há uns anos que me aconselhou a escrever uma carta para os meus futuros netos. Deveria contar tudo aquilo que se passa na minha vida, aquilo que prevejo que eles sentirão, passar-lhes mensagens de vida, de saber, de querer... tenho vontade de o fazer. Por outro lado sinto-me ridícula em sequer pensá-lo. Porque é que hei-de estar a pensar num hipotético futuro sem aqueles que amo se os tenho, aqui e agora, comigo?
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Sei lá... isto de estar quase a fazer anos dá-me a volta à cabeça.

bad day - perfect day

Pior do que acordar com um torcicolo e um treçolho, é perder metade de um trabalho por causa de uma falha de eletricidade. Hoje o dia adivinha-se tortuoso... Para combater os maus jeitos, aqui vai uma das minhas preferidas de sempre! Xô!, maus jeitos!
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Just a perfect day,
Drink Sangria in the park,
And then later, when it gets dark,
We go home.
Just a perfect day, Feed animals in the zoo
Then later, a movie, too, And then home.
Oh it's such a perfect day,
I'm glad I spent it with you.
Oh such a perfect day,
You just keep me hanging on,
You just keep me hanging on.
Just a perfect day, Problems all left alone,
Weekenders on our own.
It's such fun.Just a perfect day,
You made me forget myself.
I thought I was someone else,
Someone good.
Oh it's such a perfect day, I'm glad I spent it with you.
Oh such a perfect day,
You just keep me hanging on,
You just keep me hanging on...
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Lou Reed

17.5.05

Preciso de respostas

O que seria a minha vida se alguém a escrevesse? Um romance, um policial, uma tragédia, uma comédia?
O que seria o Sempre Inocentes sem a minha vida?
Como seriam os meus posts sem os vossos comentários?
E como seriam os desenhos, se alguém ilustrasse o que escrevo?

16.5.05

Sem título II

A sala pintada de vermelho velho. O dia claro, sem sol. O som da máquina de lavar, repetitivo e centrifugador. A televisão apagada. Outra vez. A sorte e o desnorte.
Domingo.

Sem título

Na long-chaîse o meu corpo. Na mão esquerda o bloco de notas. Na pele o teu cheiro. No meu pensamento o som irrequieto do puro jazz.
A calma e a inquietude.
Domingo.

12.5.05

A última Semana Académica

O concerto da Alanis Marissette foi lindo. Lindo, mesmo lindo. Debaixo de chuva torrencial, mas foi lindo!
As jantaradas (ininterruptas) têm sido fantásticas... já me tinha esquecido que se podia rir tanto com tão pouco!
Os amigos têm sido extraordinários!
Reamon também não foi mau. O resto não me lembro bem, só de ouvir lá ao fundo qualquer coisa.
Hoje é Xutos, e, mais uma vez, vou ficar por Faro. Vai ser lindo, ver o sol a nascer! Ai, ai... a boa vida de estudante está mesmo a acabar... E a saudade que eu vou ter do "joynho", da morangona de E.E.E., da "sombra" do Red Bull... ai, ai... Bem, ainda faltam três noites e três longos dias. No domingo falamos. Se ainda estiver viva!!!

11.5.05

Beleza

"Porque três coisas concorrem para criar a beleza: antes de mais a integridade ou a perfeição, e por isto reputamos feias as coisas incompletas; depois, a devida proporção, isto é, a consonância; e, finalmente, a claridade e a luz, e de facto chamamos belas às coisas de cor nítida."
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excerto de "O Nome da Rosa", de Umberto Eco.
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Não sei se concordo.

10.5.05

Calor interior

Impossível de explicar, entender ou mesmo suportar. As palavras têm tido um sabor frio. Tem sido assim... uma escrita gelada que nada tem do calor do peito e da vida que me sustenta.
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Se calhar o meu pai tem razão - tenho o termóstato avariado.

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Empresta-me os teus pensamentos. Estou farta dos meus.

3.5.05

Pai,

afasta de mim este cálice, pai. Dá-me antes uma Carlsberg fresquinha!
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Humor de início de noite, após cena semelhante.

2.5.05

Oscilação da vida

A semana passada a minha irmã esteve com os pés para a cova. Quase a esticar o pernil. Meio cá, meio lá. Esteve a morrer. Pode parecer insensível falar desta forma de algo tão chocante, mas a verdade é que só assim se consegue levar a vida. Já estive com ela depois do "abismo" e ambas brincámos com as palavras - não com a situação.
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A leucemia está tratada e, em príncipio, curada. Agora o bicho mau chama-se quimioterapia, que debilitou o organismo à minha mana, atacando os pontos mais fracos. Na quinta-feira passada a minha irmã esteve a morrer por causa de uma "simples" infecção na vesícula. Azar dos azares, acabou por lhe ser diagnosticada uma Septicemia - coisa má mesmo. Foi operada de urgência, entrou em choque septico, quase em coma, quatro dias sedada para não arrancar os tubos das 14 máquinas a que esteve ligada. entre elas a maquineta da diálise: parou-lhe um rim também. A tensão arterial esteve a 4/2, quase morta. Frases como "aquela rapariga que está ali a morrer" ou ainda "não lhe posso dar esperanças porque ela pode mesmo morrer" foram proferidas por profissionais da saúde que às vezes deviam tirar cursos de relações interpessoais.
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Teimosa como é, a minha irmã "mostrou às putas quem são os paneleiros", que é como quem diz, mostrou como se pode vencer mesmo quando ninguém acredita em nós. Foram dias muito difíceis, mas assim que a febre desceu, que a tensão subiu, que o rim voltou a funcionar, que o ventilador foi desligado e os sedativos reduzidos... percebi que a minha mana Elsa estava pronta para viver!
Agora, tudo ganhou uma nova importância. Algumas coisas passaram a valer menos, outras passaram a valer tudo. E agora sim, acredito que já se safou! Ontem estive com ela... foi muito reconfortante vê-la sorrir e reclamar com as auxiliares quando nos tentavam pôr na rua, no fim da visita. É muito perceber como as coisas perdem ou ganham importância na nossa vida...
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Pormenores: tiraram-lhe a vesícula, mas pode-se viver longos anos sem ela. Na cama ao lado está uma menina de 17 anos, à espera de fazer o transplante da medula com a ajuda da sua irmã de 12. Um exemplo de coragem e determinação extraordinário! Para a semana terei, quase de certeza, a minha mana por cá outra vez!
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Estou muito feliz!!!